segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Cada um no seu quadrado

Queridos, abaixo um artigo que não fala diretamente sobre RP, mas que é bem interessante e vale a leitura.

Cada um no seu quadrado
Vinícius, Tom e Elis que me perdoem. Mas, no momento, não há canção com teor mais profundo do que o funk “Dança do Quadrado”. Na verdade, a música (?) é uma mistura de aeróbica com a repetição frenética da frase “ado, a-ado, cada um no seu quadrado”, seguida de diversas situações e personagens. Quando assisti ao videoclipe do hit, achei que era mais um dos tigrões, thuthucas e lacraias da vida. Contudo, inspirei-me nos grandes pensadores da história e tirei uma conclusão filosófico-social da dança.

É preciso ter fôlego para fazer a coreografia. Além de durar mais de seis minutos, os passos devem ser feitos dentro de um espaço com, no máximo, um metro quadrado. Os momentos mais engraçados são “Matrix”, “Cicarelli” e “Robinho”. Caso o parceiro do lado faça a parte dele no seu quadrado, não se preocupe. Isso é normal. Outra coisa que acontece durante a dança é um ficar de olho no desempenho do outro. É assim que as pessoas avaliam se estão certas ou erradas.

A música fala sobre a individualidade: faça tudo do seu jeito, dentro do seu quadrado, mas sem prejudicar seu vizinho. É possível até ajudá-lo, caso seja necessário. É a mesma lógica das teorias “cada macaco no seu galho” e “se não pode ajudar, não atrapalhe”. Se um não pode colaborar com a coreografia do outro, fica cada um no seu quadrado tentando chegar mais próximo do que a cantora pede. A não ser no momento “Zidane”, em que a pessoa ao lado torna-se sua inimiga.

Nessa hora você é convidado a dar cabeçadas no seu vizinho, como na final da Copa de 2006 em que o jogador francês foi expulso após atingir seu adversário. Depois de alguns empurrões, é hora da reconciliação – “beijinho no inimigo, beijinho no inimigo”. Essa é apenas uma oportunidade da coreografia servir como catarse. Se o colega do lado estiver se desempenhando melhor, tudo indica que alguns hematomas serão deixados como lembrança. É preciso ter autocontrole para não confundir as coisas.

Assim como na dança, é preciso ter fôlego para viver cada um no seu quadrado. Na coreografia, quem sair do seu espaço paga uma prenda. Na vida real, essa atitude pode ter conseqüências extremas. É preciso sair da zona de conforto na qual vivemos para pensar no coletivo. Chega de culpar a sociedade por todos os males, afinal, nós que a fazemos assim. Tudo o que se vê é apenas um reflexo das nossas atitudes individuais. Quem dera se a dança do quadrado fosse levada a sério.

Autor: Rafael Coelho - acadêmico de Jornalismo e presidente do portal de notícias http://www.palavriando.com.br/

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