segunda-feira, 20 de julho de 2009

MSN nas redações: facilidade ou problema?

Por Clarice Passos e Svendla Chaves

O MSN é utilizado por 74% dos internautas residenciais ativos no Brasil, segundo dados do Ibope/NetRatings de 2008, somando cerca de 17,1 milhões de pessoas por mês. Embora tenha se popularizado como lazer, a ferramenta também já serve ao trabalho. No meio jornalístico, virou um canal para buscar informações, localizar cases e facilitar a comunicação entre equipes.
Para quem trabalha com notícia e depende da rapidez, estar conectado chega a ser um imperativo. “Não há como se trabalhar desconectado, seja do messenger, do e-mail corporativo, do comunicador interno. Não é possível estar fora desse ambiente de contato”, afirma André Fagundes Pase, professor do curso de jornalismo da PUCRS. O importante é saber dosar essa ferramenta e aproveitar os benefícios que ela pode trazer para o trabalho jornalístico.

Contatos mais rápidos
Na BandNews RS, o mecanismo é utilizado principalmente na busca de fontes para as reportagens, para a interação com o ouvinte e na comunicação interna. “Nós usamos para nos comunicar entre colegas, muito no caso do produtor dos programas com os apresentadores, ainda mais quando os programas são de fora do estúdio”, conta Natália Pianegonda, repórter da emissora. Já no Correio do Povo, apesar de não ser feito uso cotidiano, de acordo com Telmo Flor, diretor de redação do jornal, a ferramenta é principalmente utilizada pela editoria de variedades e no contato com os correspondentes do interior do Rio Grande do Sul.

Renata Giacobone, sócia da Própria Comunicação, diz que o principal uso do MSN na empresa de jornalismo empresarial é para o contato entre a equipe. O instrumento também ajuda, em alguns casos, quando a agenda das fontes está cheia: “É uma ferramenta que auxilia quando os entrevistados não têm tempo – e quando é conhecida para eles”. A rapidez do contato serve ainda para a procura de cases entre colegas, amigos e conhecidos.

Embora possa servir de aproximação com algumas fontes, um aspecto que deve ser levado em conta é a perda que esse tipo de comunicação pode trazer à entrevista.”Não se tem a expressão da pessoa, não se pode contar com a entonação da voz. É mais complicado usar nesse sentido”, afirma Renata. “O jornalista precisa saber que dentro do MSN existe outro tipo linguagem, outro tipo de resposta. Não se tem, por exemplo, a resposta facial ou vocal, para saber se a fonte está sendo irônica ou não. É outro código de linguagem”, lembra Pase. Para o especialista, a falta desses elementos não-verbais pode trazer problemas de interpretação e de comunicação que podem comprometer a entrevista: “É preciso usar com muita calma, para compreender os sentidos. O mesmo tom que eu estou usando agora pode parecer muito frio no comunicador. Eu não tenho como observar uma ironia, uma malandragem”.

Segundo o editor-chefe da Zero Hora, Altair Nobre, “toda ferramenta de comunicação que seja utilizada dentro da lei e com o propósito de qualificar o trabalho jornalístico é bem-vinda na Redação de ZH”. Já no Jornal O Sul, conforme Carmem Gamba, editora de Fotografia e Arte, a utilização de comunicadores era restrita, só mais recentemente seu uso foi liberado para toda a equipe. Carmem avalia que a experiência é muito nova e ainda não se pode afirmar se é benéfica ou não; entretanto, acredita que para os repórteres é algo interessante, pois através do comunicador instantâneo estão tendo contato com os acontecimentos em tempos real e recebem várias sugestões de pautas.

Quando vira dor de cabeça
Apesar dos benefícios que o uso do MSN pode trazer (como maior agilidade nas entrevistas, no contato interno e até mesmo para encontrar cases) sua utilização ainda é bastante controversa – já que muitas pessoas fazem uso pessoal do mecanismo dentro do ambiente de trabalho, em qualquer tipo de empresa. André Pase, da PUCRS, acredita que é preciso aprender a trabalhar com o programa ligado. “O uso indevido é feito por aquelas pessoas que não estão acostumadas a trabalhar todo o tempo online. Com a prática do trabalho conectado, o MSN pode até estar aberto, mas o profissional sabe que está ocupado. Essa educação às vezes não é algo muito natural, infelizmente, mas é um hábito que está sendo adquirido”. Renata Giacobone acredita que uma solução para evitar esses deslizes é a criação de uma identidade corporativa, na qual apenas estão adicionados contatos profissionais. Assim, não existe a tentação de puxar conversa com o namorado ou o amigo.

Na BandNews esse controle parte dos próprios repórteres. ”Não podemos ficar usando por qualquer motivo dentro da empresa. Não temos mecanismos de bloqueio, mas existe orientação no sentido de que o uso deve ser estritamente profissional e quando necessário”, destaca Natália. Na Zero Hora a postura é parecida: “Uso pessoal de ferramentas de comunicação, no trabalho, é desaconselhado, pois distrai do foco e caracteriza mau uso dos recursos. Em ZH, não há guardas de trânsito para conferir se os computadores estão sendo usados adequadamente, mas os critérios são bem claros para toda a equipe”, afirma Altair Nobre.

Fonte: Comunique-se

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