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Eis o tema que motiva pesquisadores da Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – para o Congresso de Curitiba, em 2009, tendo em conta formular juízos, expor projetos e intercâmbio de experiências sobre o processo de digitalização da informação, seu impacto nas condições de produção, difusão e acesso a bens simbólicos. A era digital representa uma etapa desafiadora para focar a relação entre tecnologia e comunicação, a partir do fato de que as mediações no campo da educação e da cultura expressam novas condições de sociabilidade, compartilhamento de informações e mudanças nas apreensões de sentidos e de inteligência humanos.
A complexidade e o acúmulo das revoluções informacionais que percorrem as passagens da tipografia para a eletrônica e destas para a informatização fizeram com que ciência e tecnologia, mundo privado e esfera pública, informação e entretenimento adquirissem contornos que precisam ser decifrados em termos estéticos, éticos e políticos. Ao propor o debate sobre as interfaces entre a era digital e os impactos nas esferas da cultura e da educação, a Intercom convida os pesquisadores a se defrontarem com a questão da nucleação que os processos de comunicação adquirem no espectro da sociedade globalizada e sistêmica. Ou seja, a digitalização dos processos comunicativos representa mais que o fluxo de informações entre pessoas, sociedades e culturas, já que expressam alterações nos modos de operar e de existir, o que, do ponto de vista educativo, revela formas de adaptação e de gerenciamento do conhecimento.
Na era digital, acentuam-se as representações simuladas e virtuais da realidade, há uma tendência à compactação da informação e seu acesso remoto, quando é possível compartilhar imagens, textos, produções seriais motivadas pela indústria da cultura e outras oriundas de redes descentradas e deslocadas das estruturas convencionais de poder. A digitalização permite outras fontes para a pesquisa científica, afeta as condições de convivência e de transmissão do conhecimento. É um momento em que se verificam a convergência tecnológica, a miniaturização dos equipamentos, a hibridização de linguagens e suportes, e mais do que isto: a profunda modificação nas formas de comunicação que altera também a maneira como se articulam experiência e imaginação.
Nesse contexto, e partindo da suposição de que inexiste neutralidade do uso dos aparatos técnicos, já que resultam de condições objetivas do trabalho e das necessidades humanas historicamente construídas, os processos de comunicação, especialmente na era digital, adquirem dimensões culturais e educativas que necessitam ser analisadas sob diferentes perspectivas, já que expressam mudanças nas formas de apreender a realidade, nas maneiras do exercício do poder e do controle social, bem como nas condições afetas à experiência e construção do imaginário.
Diante da complexidade e da sua atualidade, eis um tema que suscita lidar com a relação homem e tecnologia, formação num ambiente artificializado e as condições estéticas e éticas para observar a migração da oralidade e da escrita para o ambiente da informática, e a condição que esta coloca não só para a comunicação, mas também para as formas recentes de produção de conhecimento e sua articulação com a ciência, com a tecnologia e com o funcionamento mais amplo da sociedade.
A Intercom - que tem como fundamento o pluralismo de idéias - ao focar a digitalização na perspectiva da cultura e da educação, suscita pensar as interfaces entre tecnologia e condição da vida humana, que envolve comunicação, linguagem e cidadania.
Prof. Dr. Belarmino Cesar Guimarães da Costa
Diretor da Faculdade de Comunicação / UNIMEP
Coordenador do GP Comunicação e Educação
Fonte: Intecom
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